Adorno

Que dor é essa?

Não sei onde ela começa 

Desconheço sua causa

Queima e provoca lágrimas 


É dor de saudade?

Talvez seja dor de partida

De quem nem ao menos chegou

Como também não despediu-se.


É dor de amor?

Talvez seja dor da expectativa 

De quem nem fez promessa

Mas sentimentos plantou 


É dor de inverno?

Talvez seja dor congelante

De quem de ti se isolou

E o sentimento paralisou


É dor do tempo?

Talvez seja dor do passado

Que deixou de presente ser

Na inconcritude que o futuro apresenta


É dor de crescimento?

Talvez seja dor do amadurecer

Que faz das certezas cinzas

Se reconstruindo na dúvida 


É dor da felicidade?

Talvez seja dor do prazer

Que de tanto gozo desvainece

Tão singular que vicia


Que dor é essa que sinto?

Não há remédio que cura

Talvez o tempo melhore

Ou auto-amor ajude.


É dor!

Do eu!

Doído!

Dor mente!

Mobilizador!


Luzia Rodrigues

Brasília, 20 de junho de 2024.

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